Entrevista Margarida freitas
O MOVE forma futuros líderes, tanto empreendedores e alunos como fellows! Com o objetivo de confirmar esta afirmação e perceber melhor o impacto que o MOVE teve na vida de antigos fellows decidimos entrevistar alguns deles.
A primeira entrevista foi feita à Margarida Freitas, a Margarida foi uma das pioneiras que ajudou a lançar o MOVE em São Tomé, tem 38 anos e é originalmente da Madeira. Formada em Gestão. Recentemente fundou 2 empresas na Colômbia e é atualmente fundadora e COO da Instaleap, uma empresa que co-fundou com o António Nunes também ele antigo fellow MOVE.
Como foi a tua experiência no MOVE?
« Em 2011, o MOVE procurava expandir o projeto que tinha sido lançado em Moçambique e queriam uma equipa para começar o projeto do zero em São Tomé e Príncipe, foi assim que eu em conjunto com outros fellows tivemos o grande desafio de lançar toda a operação neste novo terreno.
Uma história marcante da tua edição do MOVE que queiras partilhar connosco?
A história da Claudina, uma costureira, cabeça de família de uma casa de 7 pessoas. O seu microcrédito foi aprovado para que pudesse comprar uma máquina de costura para produzir as peças de roupa que vendia no mercado muito mais rápido. Em menos de 3 meses a Claudina já tinha pago o seu empréstimo. Adotou as técnicas de poupança que lhe ensinámos e no espaço de 1 ano já tinha 2 pessoas empregadas por ela e 2 máquinas de costura compradas. Conseguir impactar assim a vida de alguém que estava aprisionada numa “ratoeira de pobreza”, situação que nada tinha a ver com o seu esforço e dedicação, mas com condições contextuais que não a deixavam evoluir, foi realmente marcante.
Qual foi a coisa mais importante que o MOVE te ensinou que levas para o resto da tua vida?
Lutar sempre por aquilo em que acreditas e ser resiliente até conseguir alcançar os objetivos aos quais te propões. Lembro-me do dia depois da primeira formação de negócio, onde as pessoas que assistiram nos olhavam incrédulas e sem entender do que falávamos. No dia seguinte choveu a potes, e não tivemos um único aluno. Não sabíamos se era porque não nos tinham entendido e se tinham desmotivados ou se era pela chuva. Pegamos na lista dos estudantes e fomos a cada uma das casas. Acabámos por dar-nos conta que não era costume sair quando chovia, e chovia sempre às 9 da manhã. ..Moral da história: passámos as sessões para as 3 da tarde.
De que forma fazer MOVE influenciou o teu percurso profissional?
O MOVE despertou o meu interesse por marcar a diferença e fazer algo que sinta que realmente cria um impacto positivo na vida das pessoas. Também despertou a minha paixão pelo empreendedorismo independente do país ou indústria em que esteja a trabalhar.
Que oportunidades te deu o MOVE no terreno e enquanto organização?
Surgiram imensas oportunidades. Dos 6 meses em que estive no terreno, todos os dias aprendi e ensinei algo novo.
Lembro-me da semana da chegada. O calor abrasador de São Tomé, explorar a cidade a pé para encontrar a que ia ser a primeira casa do MOVE em São Tomé. Essa resiliência por algo mais importante que o nosso bem estar e conforto é algo que levo em tudo o que faço hoje em dia. O não ter medo do desconhecido e o desafio interno de fazer o que um dia foi desconhecido, conhecido no dia seguinte.
Lançar uma operação de zero com poucos recursos – aprendi a priorizar, pedir ajuda e perguntar sempre a quem possa saber um pouco mais que eu, sem vergonha. Pensar quais dos conhecimentos que adquirira durante tantos anos, podiam ter uma aplicação prática na vida das pessoas com quem falávamos. Desafiar-me a pensar como comunicar de forma simples, conceitos complexos e tão distantes para essas pessoas. Apendi a adequar a linguagem e pensar em exemplos da vida real para explicar os casos de uso. Ganhar empatia com as pessoas e reconhecer a sua realidade sem deixar de tomar decisões objetivas e com sentido para o projeto.
De que forma continuas a aplicar a filosofia e a missão do MOVE na tua vida?
Todos os dias. Dar os utensílios para pescar e não o peixe. Procurar ensinar e fazer crescer aos demais para que no futuro, todos em conjunto podamos criar um impacto cada vez maior. Trabalhar em equipa: a vida é melhor quando partilhada. Partilhar as conquistas e inspirar os demais. Partilhar os problemas e frustrações permite conseguir ajuda para os ultrapassar com sucesso.
Algum concelho que queiras dar para quem já fez/vai fazer MOVE?
Pensa sempre como marcar a vida de cada uma das pessoas com quem interages no teu dia a dia. Procura ver as múltiplas perspetivas de uma situação antes de assumir uma posição. Não procures a perfeição mas sim criar o maior impacto com o menor uso de recursos.
Que lições de empreendedores que acompanhaste no terreno aplicaste na tua própria jornada enquanto empreendedora e profissional?
Não desistas ao primeiro impasse ou pedra que encontres no caminho. Pede ajuda, sem vergonha. Faz muito com o pouco que tens, não te dediques a sonhar com o que poderias fazer se tivesses mais do que o que tens. O momento é já! Executa com o que tens, se o fizeres bem poderás ter recursos para executar mais. »
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